Ciúmes patológico

Quando um sentimento natural se torna uma doença?

O ciúme é um sentimento tão natural e humano quanto o amor, a alegria e tristeza, no entanto ele, assim como a inveja e a raiva são vistos como grandes vilões. Na verdade, estes sentimentos, que sempre ganham uma conotação negativa pelo desconforto que causam, não são vilões, são sentimentos necessários e têm sua função assim como qualquer outro sentimento. O que ocorre com o ciúme é que ele tende a interferir de alguma forma no relacionamento conjugal.

Conforme definido no dicionário DICIO, ciúme é: “Sentimento de tristeza ou de raiva por imaginar que a pessoa amada pode se relacionar com outra” (Ribeiro, 2018). De acordo com o Dicionário Infopedia, esta palavra significa:

 “sentimento de possessividade em relação a algo ou alguém; sentimento gerado pelo desejo de conservar alguém junto de si ou por não conseguir partilhar afetivamente essa pessoa; sentimento gerado pela suspeita da infidelidade de um parceiro.” (Infopedia, 2003-2021).

De acordo com estudiosos sobre este tema, é natural sentir medo pela ameaça de uma perda amorosa e as pessoas se sentem inseguras diante da possibilidade de serem excluídas da vida do ser amado. Geralmente este sentimento costuma ser proporcional aos fatos e em muitos casos, quando a pessoa não consegue guardar para si, ela comunica ao (a) sua (seu) parceiro (a) de forma apropriada e assertiva.  Já no ciúme patológico, o que se percebe é um exagero, uma perturbação quase que incontrolável, carregada de angústia e tensão. Para Cavalcante (1997 apud SEO, 2005):

 “…um transtorno afetivo grave. O ciumento sofre em seu amor: em sua confiança, em sua tranquilidade, em seu amor-próprio, em seu espírito de dominação e em seu espírito de posse. O ciúme lhe corrói o sentimento em sua base e destrói, com uma raiva furiosa, suas próprias raízes. Propicia a invasão da dúvida que perturba a alma, fazendo com que ame e odeie ao mesmo tempo, a pessoa objeto de sua afeição. O maior sofrimento do ciumento é a incerteza em que vive, pela impossibilidade de saber, com segurança, se o(a) parceiro(a) o engana ou não”.

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De acordo com SEO (2005), o ciúme patológico pode ser sintoma de um quadro obsessivo-compulsivo marcado ainda por pensamento intrusivos e irracionais, ideias obsessivas, bem como por comportamentos compulsivos pela busca de provas que confirmem ou não suas suspeitas (checagem de e-mail, telefones, redes sociais, visitas inesperadas, dentre outros). Diante disso o ciúme patológico é considerado um transtorno afetivo grave, tendo em vista que além da perturbação no relacionamento amoroso, provoca no indivíduo que sente esse ciúmes exagerado sintomas de ansiedade, sentimento de inferioridade e baixa autoestima, vergonha, sentimento de humilhação, raiva, desconfiança excessiva e infundada, desejo de vingança e possessividade, dentre outros, gerando impacto significativo na vida (pessoal, interpessoal, profissional) de quem sofre com este transtorno. Muitas vezes o sentimento é tão avassalador que em dado momento pode haver agressão física e/ou morte, aumentando ainda o risco de suicídio.

O ciúme acomete igualmente homens e mulheres, no entanto, em muitos casos as razões e manifestações tendem a ser diferentes, pois enquanto a maioria das mulheres se preocupam com a infidelidade emocional, para os homens, é mais preocupante a infidelidade sexual, sendo esta uma das principais causas de agressão contra mulher e até mesmo feminicídio. De acordo com Rosa (2005, apud SEO, 2005):

O ciumento não perdoa e não confia. Se lhe faltam motivos no presente, busca-os no passado e até no imprevisível futuro, ainda que ilusórios, frutos de sua imaginação atormentada”.

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Sendo assim, sabendo da gravidade deste problema, torna-se fundamental o acompanhamento psicológico e em alguns casos, psiquiátrico. A melhor forma de lidar com os medos e perturbações é aceitando a sua existência.  Sendo assim, ao perceber estes sinais, além de buscar ajuda profissional, é igualmente importante ter um diálogo franco e assertivo com seu/sua parceiro (a), pois é possível que se encontre nesta abertura o apoio necessário para o tratamento e reavaliação do relacionamento amoroso.

Referências:

SEO, Khallin Tiemi; BERVIQUE, J. Á.; RONDINA, R. C. Principais fatores desencadeantes de ciúme patológico na dinâmica de relacionamento conjugal. Revista científica eletrônica de psicologia, v. 3, n. 5, 2005.

ciúme in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2021. [consult.2021-01-08 8:59:28]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/ciúme

Colunista:

Jdiane Cardoso

Psicóloga

“Dar exemplo não é a melhor forma de educar. É a única” Albert Schweitzer

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