COMO IMPOR LIMITE POR RESPEITO E NÃO POR MEDO

A crise na educação das crianças é um problema enfrentado pela família e pela escola nos tempos atuais. A lógica que muito orientou no trabalho com os limites a partir de punições e reforços já há tempo revela sinais de fracasso.

Assim, punição está fora de discussão. Abarcamos com diálogo e persistência. Ao adulto, pais ou professores, que são a referência para a criança, cabe repetir tais atitudes consistentemente, centenas de vezes, até que os resultados apareçam.

Importante lembrar: a criança não aprende apenas pelo que ouve, e sim, por meio do exemplo.

Ensinar a criança a não dizer palavrões irá repercutir se os adultos que a cercam antecederem tal atitude.

Dessa forma, eis algumas ações e comportamentos nos quais devemos insistir para que o resultado apareça:

  1. Cumpra o que diz

Se você pai, afirmou que “a criança deverá guardar o brinquedo antes de ir para a mesa” ou você professor, combinou que “todos devem guardar seus materiais antes de ir para o parquinho”, nada de abrir exceções porque está com pressa ou cansado. Mantenha sua palavra, pois é essa constância que trará autoridade. As crianças passam a entender que você está falando sério quando pede algo ou dá instruções e, por isso, obedecerão logo no primeiro chamado. Uma vez promessa descumprida, credibilidade falida !

  1. Fale com calma

Não se altere, gritando ou dando apelidos à criança desobediente. Sempre que for explicar ou pedir algo a uma criança, vá até ela e abaixe-se para ficar da mesma altura. Mantenha a voz baixa, o que mostra que você está no controle da situação.

  1. Dê apenas um aviso

 Avise uma única vez que algo precisa ser feito e, importante, o porquê. Dar vários avisos vazios mostra às crianças que o professor (ou pai) não acredita naquilo que está dizendo e que nada vai acontecer a ela, portanto, não precisam cumprir o que foi mandado.

Explicar e conversar funciona até certo ponto. Depois, é preciso que o adulto fique firme e exija o comportamento correto com calma e controle da situação.

  1. Barganhas e ameaças – elas funcionam contra você

Oferecer prêmios por tarefas que deveriam ser obrigação das crianças (como arrumar os próprios brinquedos) não somente tira o sentido de coletividade e responsabilidade, como ensina que elas podem exigir mimos o tempo todo, originando situações em que elas podem perguntar “e o que eu vou ganhar com isso?”.

Ameaças tampouco funcionam. A psicóloga Diane Levy, autora do livro “É claro que eu te amo… Agora vá para o seu quarto!”, conta como essa atitude dá espaço para a criança recusar o trabalho: “Aprendi essa lição muito cedo com o meu filho. Quando dizia “Robert, se você não guardar seus brinquedos agora, não iremos ao parque esta tarde”, ele apenas respondia “tudo bem”. E eu ficava sem saber para onde ir”.

Caso você recorra às ameaças, lembre-se de que deve seguir com sua palavra até o final: se afirmou a uma criança que ela ficará cinco minutos em seu quarto pensando no que fez de errado ou ficará cinco minutos do recreio sem brincar, ela deve ficar – então, pense bem, pai ou mãe, se você vai conseguir deixá-lo pensando ou, no caso do professor, se possui equipe suficiente para assistir à turma brincando e à criança apenas olhando.

  1. Valorize a autonomia

Por fim, lembre-se que limites caminham lado a lado com a liberdade. Permita que as crianças façam por conta própria aquilo que já são capazes de fazer, dê apoio e incentive tentativas.

Diga não quando necessário, porém, em vez de proibir sem mais explicações, sempre sugira alternativas a um mau comportamento, mostrando maneiras saudáveis de lidar com sentimentos. Se sente raiva, devemos ouvir e buscar compreender o motivo.

A partir do momento que a criança se vê respeitada em sua atitude inconveniente, ela também usará o mesmo respeito com o adulto no acolhimento das demandas.

As crianças gostam e necessitam de limites. E a organização externa os leva a se organizarem internamente.

Se concebermos a Educação Infantil como o espaço de alfabetização interpessoal, ou seja, educação de valores e atitudes, esse se torna então o espaço fecundo para lançar as bases da cidadania. Se a parceria com as famílias forem reforçadas nesse sentido, permitiremos à criança responsabilizar-se pela construção de formas de convivência com seus familiares e colegas. É concebê-la como sujeito que pensa, que convive com o outro e que é capaz de discutir decisões e resolver conflitos.

E desenvolver o sentido ético de escolher o melhor para todos quando decide o que é melhor para si, permite à criança compreender a relação entre os limites e os princípios morais tão urgentes em nossa sociedade.

Mulher sorrindo.Colunista:

Iracy Carmanini

Psicopedagoga Clinica e Institucional;
Especialista em educação especial, deficiências auditiva e cognitiva, Alfabetização e Letramento.

*Ao reproduzir este conteúdo, não se esqueça de citar as fontes.


Em nossa próxima postagem da psicopedagogia daremos dicas aos professores e pais para lidarem com crianças hiperativas ou desatentas.

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O Psicopedagogo atua no sentido de prevenir e/ou detectar dificuldades de aprendizagem, promover sugestões metodológicas e educacionais de forma terapêutica: seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio, da família, da escola e da sociedade.

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