COMO LIDAR COM AS FRUSTRAÇÕES?

Os pais devem perceber que um dos objetivos da paternidade é preparar a criança para a vida e que enfrentar frustações faz parte do crescimento dos seus filhos, aceitando que é parte do seu trabalho deixar o cargo de protetor, para não ter que lidar com adultos incapazes de tomarem suas próprias decisões, nem de lidarem com contratempos e decepções.

Querer proteger os filhos dos perigos e riscos do mundo é da natureza dos pais, afinal eles possuem um amor incondicional. No entanto, o excesso de zelo pode atrapalhar o desenvolvimento e aprendizado da criança e impedir que ela esteja preparada para as diversas etapas da vida. Essa superproteção também é ruim para as mães, podendo desencadear grande ansiedade quando os filhos voarem e acabarem por ficar com a “síndrome do ninho vazio”.

Espera-se que um adulto seja alguém capaz de refletir e descobrir como lidar com situações conflituosas. O que todos os pais que protegem os filhos em excesso têm em comum é o medo do fracasso. Eles temem que o fracasso detone a vida dos seus filhos. Infelizmente, eles estão enganados: o fracasso os faz crescer!

Muitas vezes, os pais não percebem que estão exagerando nos cuidados e acreditam que estão tornando a vida dos filhos mais fácil. É importante que a criança desenvolva sua própria autonomia, perceba as dificuldades da vida e entenda que para conseguir vencer obstáculos é necessário batalhar. Para isso, é importante que mostre aos filhos o quanto foi difícil chegar onde chegaram, as barreiras que encontraram e venceram. Proteção exagerada atrasa o amadurecimento e os torna vulneráveis a qualquer situação, sentindo-se incapazes de resolvê-las, ao passo que aquela criança ou adolescente que foi obrigado a conviver com dias e situações difíceis serão mais resistentes aos fracassos. O excesso de cuidados e proteção, ajuda a produzir uma geração de adultos incapazes de decidir por conta própria e com dificuldades de se adequarem ao mercado de trabalho.

A superproteção dos pais pode indicar um pouco de insegurança deles em relação aos filhos. Tende a criar um certo medo de encarar situações novas, bem como um distanciamento da realidade. Educar com confiança e mostrar o quanto é importante agir com segurança e se mesmo assim, aparecerem os percalços, estes devem ser enfrentados. Importante frisar que as perdas acontecem, nem sempre ganhamos e que o equilíbrio em enfrentar os desafios nos torna mais fortes.

Na verdade, não existe um manual que descreva cada passo, mas é preciso deixar que as crianças vivam para que evoluam e virem adultas. Não podemos segurá-las agora e depois mandá-las para o mundo desprotegidas de tudo. Temos de fortalecer seu caráter, sua determinação, seu senso de cuidados de si próprio. Pode parecer cruel, mas é bom que as crianças se machuquem na infância, no sentido físico e emocional, para que se tornem resistentes e capazes de lidar com frustrações quando crescerem, se tornando adultos equilibrados, competentes e, principalmente, confiantes.

Colunista:

Iracy Carmanini

Psicopedagoga Clinica e Institucional;
Especialista em educação especial, deficiências auditiva e cognitiva, Alfabetização e Letramento.

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