Cuidador: Você Também Precisa E Merece Ser Cuidado!

Ao falarmos sobre os processos de demência de uma pessoa idosa, por vezes nos esquecemos das pessoas que cuidam desse idoso. O cuidador é o pilar desse dia-a-dia, e a pessoa que mais oferece suporte ao tratamento do idoso nessas condições, pois é ele quem está supervisionando e ajudando no tratamento a maior parte do tempo.

Vale salientar que são funções do cuidador, além do cuidar da pessoa doente, ajudar em suas atividades diárias, como alimentação, higiene pessoal, ministrar a medicação de rotina e acompanhá-la junto aos serviços de saúde, ou outros requeridos no seu cotidiano, excluindo-se técnicas ou procedimentos identificados como exclusivos de outras profissões legalmente estabelecidas.

O cuidador é caracterizado como profissão, mas muitas vezes essa função é exercida pelo próprio familiar, que com frequência abdica de sua rotina e tarefas em prol do cuidado com o outro. Em função disso, nós profissionais da saúde nos deparamos com o estresse e sobrecarga desse cuidador que, muitas vezes, acaba por se anular.

Tais comportamentos de anulação podem repercutir em sobrecarga gerada sobre os cuidadores. Pode trazer consequências como desenvolvimento de sintomas psiquiátricos e fadiga, além de ter sua própria saúde prejudicada, o que leva à falta de condições para cuidar do idoso.

Por vezes a anulação também é frente à profissão anterior, fazendo com que a sobrecarga também reflita efeitos sociais e econômicos que comprometem todos os aspectos da vida.

Dentro dessa temática, buscamos orientar o cuidador de que ele também precisa de ajuda para cuidar dele e da pessoa idosa. De que esse cuidador também precisa ser olhado, precisando estar bem para cuidar.

Infelizmente, os índices de sobrecarga são evidentes nesse público, refletindo muitas vezes em sinais evidentes de estresse, ansiedade, como também sinais depressivos.

A sobrecarga do cuidador é investigada com cuidado, sendo que escalas já foram criadas para investigar o quanto pode estar influenciando além da saúde, a relação entre o cuidador e a pessoa adoecida.

Falar sobre a sobrecarga remete a falarmos sobre divisão de cuidados nas tarefas diárias, sobretudo quando falamos sobre cuidadores informais (familiares). Tais demandas por vezes recaem em uma pessoa da família, quando o ideal é que essas tarefas fossem compartilhadas ou ao menos apoiadas.

Pontua-se ainda que os cuidadores, em suma maioria, são CUIDADORAS, ou seja, do sexo feminino e muitas vezes também são idosas, isso quando falamos de cuidadores contratados ou daqueles que são da família. Tal dado é relevante quando falamos do papel da mulher dentro da família e quando principalmente falamos em sobrecarga.

A pessoa adoecida demanda cuidado e, se depender de cuidados de níveis básicos, pode ser que não estejamos preparadas psicologicamente, fisicamente, financeiramente e socialmente para lidar com essa demanda. Através dessa nova dinâmica é necessário apoio como também escuta desse(a) cuidador(a), que pode ter perdido seu espaço social.

Cuidar de uma pessoa adoecida demanda tempo cronológico e também disposição interna! Valorize sua disposição e trabalho com o outro e perceba que você também precisa ser cuidado! Se sentir necessidade procure ajuda psicológica e/ou médica!

 

Referência

Gratao, A. C. M., Vendrúscolo, T. R. P., Talmelli, L. F. D. S., Figueiredo, L. C., Santos, J. L. F., & Rodrigues, R. A. P. (2012). Sobrecarga e desconforto emocional em cuidadores de idosos. Texto & Contexto-Enfermagem21, 304-312. Acesso em: 12 dez 2021. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/tce/a/wbT7yCZMDVq5JMSGNbx7vvz/?format=pdf&lang=pt>

Colunista:

Karyny Ferro

Neuropsicóloga

A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz.
Sigmund Freud

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