Prccisamos falar sobre o luto
Falar sobre a morte, nos dias atuais ainda é um tabu, tema este repleto de mistérios e crenças, sendo assim, muitas pessoas encontram-se despreparadas para lidar com a finitude humana. Quando a morte ocorre de forma trágica e repentina, tende a causar maiores inúmeras alterações na vida deste que sofre, acarretando, muitas vezes, prejuízos e alterações, principalmente, nos funcionamentos emocionais e cognitivos
Existem muitas formas de se perceber a morte, mas, ao se falar em luto, inevitavelmente se fala em tristeza e a forma como as pessoas vivenciam essa tristeza precisa ser compreendida considerando a esfera biopsicosociocultural, ou seja, olhando sobre as diversas perspectivas da história de vida, sentimentos e emoções, meio e cultura onde estas pessoas encontram-se inseridos. O grau de parentesco, o gênero, o tipo de morte, os vínculos e os recursos internos disponíveis a cada indivíduo também influenciam na sua forma de vivenciar a tristeza e a situação do luto.
Os sintomas clínicos presentes relacionados à perda de uma pessoa com quem se teve relacionamento próximo (luto) mais comumente relatados são:
- os emocionais (tristeza profunda, culpa, ansiedade e solidão),
- os comportamentais (falta de concentração, choro, sonhos com a pessoa falecida, o apego ainda maior a objetos pertencentes ao falecido),
- os cognitivos (descrença, preocupações, alucinações e confusão mental) e os físicos (falta de ar, maior sensibilidade aos ruídos, falta de energia e despersonalização).
O luto normal é uma resposta saudável à perda do ente querido e implica a capacidade saudável das pessoas enlutadas de expressar essa dor a partir do reconhecimento da perda, mas quando essas capacidades de lidar com a perda são escassas, percebe-se que o sofrimento pelos sintomas se manifestam de forma negativa e há uma repressão da perda, levando assim, ao processo de luto irracional, ou mal adaptativo. Nestes momentos, uma intervenção psicológica é muito útil. Na terapia, haverá um espaço de escuta acolhedora e empática e em conjunto com o paciente é formado um plano de tratamento individualizado, de modo que possa a te auxiliar a ressignificar essa perda.
Vivenciar um luto por muitas vezes é inevitável, mas é possível passar por esta fase de forma menos dolorosa, refletindo assim, em emoções mais positivas e obtendo também maior capacidade para desenvolver estratégias de enfrentamento da saudade.
“A morte e a vida não são contrárias, são irmãs. A reverência pela vida exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. ” Rubens Alves
Fonte:
BASSO, Lissia Ana; WAINER, Ricardo. Luto e perdas repentinas: contribuições da Terapia Cognitivo-Comportamental. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 7, n. 1, p. 35-43, jun. 2011 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872011000100007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 28 mai. 2021.
ZWIELEWSKI, Graziele; SANT’ANA, Vânia. Detalhes de protocolo de luto e a terapia cognitivo-comportamental. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 12, n. 1, p. 27-34, jun. 2016 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872016000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 28 mai. 2021.
Colunista:
Camila Andrade
Psicóloga
“Existe mais na superfície do que nosso olhar alcança.” – Aaron Beck
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