Ser Resiliente, um desafio?

Resiliência é a capacidade de se adaptar em situações difíceis!

Na prática, quer dizer que diante de uma adversidade, a pessoa utiliza sua força interior para se recuperar. Ela se abate e sofre como qualquer um, mas enxerga além dos problemas e, assim, consegue lidar com as situações de forma mais leve.

Pessoas resilientes conseguem ver situações por outra ótica, enxergando o lado bom de momentos ruins, aprendendo com isto e seguindo em frente.

Ter essa capacidade para lidar com os problemas, te torna uma pessoa capaz de enfrentar as crises, superar seus próprios traumas e perdas e estar sempre se adaptando a novos desafios.

É importante ressaltar que a resiliência faz parte de um processo de aprendizagem.

Afinal o que é a Resiliência?

A resiliência pode ser definida como uma capacidade universal que permite o indivíduo, grupo ou comunidade prevenir, minimizar ou superar os efeitos nocivos das adversidades, saindo dessas situações mais fortalecido ou até mesmo transformado, porém não ileso. Outra definição encontrada é de que resiliência se refere ao processo e resultado de se adaptar com sucesso a experiências de vida difíceis ou desafiadoras, especialmente através da flexibilidade mental, emocional e comportamental, e ajustamento a demandas externas e internas.

O termo resiliência originou-se na área da física e engenharia:  um material pode ser considerado resiliente quando a energia de deformação máxima que ele é capaz de armazenar não gera nele deformações permanentes.

Existem 3 tipos de resiliência:

  • RESILIÊNCIA EMOCIONAL: Refere-se às experiências positivas que que promovem sentimentos de autoestima, autoeficácia e autonomia, capacitando o indivíduo a lidar com mudanças e ampliando seu repertório de estratégias na resolução de problemas.
  • RESILIÊNCIA ACADÊMICA: Envolve a escola como um lugar em que as habilidades para solucionar problemas podem ser aprendidas com a ajuda dos agentes educacionais.
  • RESILIÊNCIA SOCIAL: Envolve sentimento de pertencimento a um grupo, supervisão de pais e amigos, relacionamentos íntimos, ou seja, são modelos sociais que estimulam a aprendizagem e desenvolvimento de estratégias para enfrentamento dos desafios.

Situações de catástrofes ou mesmo uma pandemia, como estamos vivendo, muitas vezes coloca em cheque essa nossa capacidade de resiliência, tendo em vista que temos que lidar com um cenário que mudou do dia para a noite, com restrições de circulação, isolamento social, desemprego, sentimento de angustia, aumento da ansiedade e depressão, aumento de violência doméstica, enfim… São mudanças repentinas e muitas vezes negativas e então fica a pergunta: Como se manter resiliente em meio a tudo isso?

Frederich Flach (psiquiatra e autor), afirmou: “para uma pessoa ser resiliente, dependerá de sua habilidade de reconhecer a dor pela qual está passando, perceber qual o sentido que ela tem e tolerá-la por um tempo até que seja capaz de resolver o conflito de forma construtiva”.

Sendo assim, o primeiro passo é reconhecer e aceitar que se está vivendo um momento de adversidade, pois a medida que aceitamos a existência de um problema, conseguimos analisar qual a origem dele, de que forma está impactando em nossa vida e o que podemos fazer para resolver. O segundo passo, após a aceitação, é realizar um planejamento e verificar quais estratégias possíveis de serem adotadas, para então tomar uma ação efetiva.

Importantes autores sobre este tema referem que existem 8 pilares que sustentam a resiliência, são eles:

  • INTROSPECÇÃO: arte de perguntar a si mesmo e se dar uma resposta honesta;
  • INDEPENDÊNCIA: fixar limites entre si mesmo e o meio com problemas;
  • CAPACIDADE PARA SE RELACIONAR: habilidade para estabelecer laços;
  • INICIATIVA: exigir de si e realizar tarefas progressivamente mais complexas;
  • HUMOR: capacidade de encontrar o “cômico” em meio a tragédia;
  • CRIATIVIDADE: habilidade de criar ordem, beleza e finalidade a partir do caos e da desordem;
  • MORALIDADE: capacidade de se comprometer com valores éticos de convivência social;
  • AUTOESTIMA: base dos demais pilares e fruto do cuidado afetivo.

Saber destes pilares pode nos ajudar a fazer uma autoanálise dos nossos recursos internos disponíveis e verificar aquilo que está em falta, para então podermos buscar a ajuda necessária para desenvolver tais habilidades e consequentemente atingir um fortalecimento egóico.

O processo psicoterapêutico pode nos ajudar nessa busca pelo autoconhecimento, pois é justamente neste processo que conseguimos verificar nossas forças e fraquezas.

Vale ressaltar também que é possível desenvolver a capacidade resiliência com base em 9 fatores:

  1. Autoeficácia e Autoconfiança: habilidade de enfrentar os desafios ao invés de evitá-los, encarando-os de forma confiante e engajada;
  2. Otimismo Aprendido:  capacidade de perceber os contratempos como temporários;
  3. Temperança: regulação das emoções e respostas diante de situações extremas;
  4. Empatia:  habilidade de se colocar no lugar do outro;
  5. Competência Social: capacidade de buscar e receber apoio dos outros;
  6. Proatividade: propensão a agir, tomar iniciativa;
  7. Flexibilidade Mental:  abertura à diferentes perspectivas e a geração de soluções criativas;
  8. Solução de Problemas:  capacidade de identificar causas de problemas, planejamento de soluções e ação.
  9. Tenacidade: coragem existencial e motivação para enfrentar efetivamente as situações estressantes.

Ter o conhecimento destes fatores envolvidos pode servir como um lembrete para nós mesmos, principalmente diante de situações difíceis e conflituosas e para facilitar mais ainda, vai abaixo um quadro ilustrando os fatores internos e externos encontrados em pessoas resilientes. Lembre-se sempre que podemos desenvolver tais habilidades e esse processo pode ser facilitado com a ajuda de um psicólogo.

Fatores encontrados em pessoas resilientes:

EU TENHO EU POSSO
Pessoas do entorno em quem confio e que me querem incondicionalmente; Falar sobre coisas que me assustam ou inquietam;
Pessoas que me põem limites para que eu aprenda a evitar perigos e problemas; Procurar uma maneira de resolver os problemas;
Pessoas que me mostram, por meio de sua conduta correta, como proceder; Controlar-se quando tenho vontade de fazer algo da maneira errada ou perigosa;
Pessoas que querem que eu aprenda a me desenvolver sozinho; Procurar o momento certo para falar com alguém;
Pessoas que me ajudam quando eu estou doente, ou em perigo, ou quando necessito aprender. Encontrar alguém que me ajude quando necessito;
EU SOU: EU ESTOU
Uma pessoa pela qual os outros sentem apreço; Disposto a me responsabilizar pelos meus atos;
Feliz quando faço algo bom para os outros e lhes demonstro meu afeto; Certo de que tudo se sairá bem.
Respeitoso comigo mesmo e com o próximo.

Fonte: Angst, 2009 apud Grotberg, 2005.

Referencias:

ANGST, Rosana. Psicologia e Resiliência: Uma revisão da literatura. Psico. Argum., 27(58), 253-260. Curitiba, 2006.

GOMES, Ana Maria P. M. A importância da resiliência na (re)construção das famílias com filhos portadores de deficiência: o papel dos profissionais da educação/reabilitação. 

GROTBERG, E.H. Introdução: novas tendências em resiliência. In: A. Melillo e E. N. S. Ojeda (org). Resiliência: Descobrindo as próprias fortalezas. (pp. 15-22). Artmed. Porto Alegre, 2005.

JUNQUEIRA, Maria de Fátima P. S., DESLANDES, Suely Ferreira. Resiliência e maus tratos à criança. Cad. Saúde Pública 19 (1): 227-235. Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csp/v19n1/14923.pdf. Acesso em 15 de maio de 2020.

Homem sorrindoColunistas:

Claudia Valéria e Johny Santos

Psicólogos

“A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz.”
Sigmund Freud

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