Superei a covid, porém meu olfato e paladar não voltaram ao normal. E agora?

          Quem já ficou com o nariz congestionado durante um forte resfriado ou perdeu por alguns dias o olfato e o paladar sabe como é ruim e desesperador comer algo e não sentir nada, seja seu cheiro ou sabor. Agora imaginem ficar semanas ou meses sem esses sentidos, que nos proporcionam tanto prazer e até mesmo avisam nosso cérebro como que uma defesa, para não comermos algo com cheiro ruim ou estragado.

Ainda que a prevenção seja o melhor remédio, não há como fugir dos dados: no Brasil, já são milhões de casos de Covid-19 registrados, sendo desse número a grande proporção de pacientes recuperados. A jornada de recuperação, entretanto, é mais difícil para uns do que para outros: alguns sintomas persistem por um tempo maior ou mesmo indeterminado após a infecção. É o caso da perda do olfato e do paladar, um fator incômodo que, de acordo com especialistas, é possível de ser revertido com algumas medidas.

Embora a ocorrência da anosmia (perda total ou parcial do olfato) e disgeusia (perda total ou parcial do paladar) ocorram de forma comum em casos de infecções respiratórias, uma pesquisa da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico-Facial (ABORL – CCF) revela que, em pacientes afetados pelo novo coronavírus, a recuperação se dá em um período maior. Os tratamentos sugeridos atuam, portanto, como uma forma de acelerar a recuperação dos sentidos.

Estimulando os sentidos Olfato e Paladar

Apesar do pouco conhecimento até então, o chamado ‘treinamento olfativo’ revela-se como um método sem contraindicações para acelerar a recuperação do olfato. Basicamente consiste em sentir-se alguns tipos específicos de odores sob a forma de alimentos ou óleos essenciais, pelo menos duas vezes ao dia, por tempos determinados e protocolados pelo Fonoaudiólogo, isso tudo após avaliação, orientação e monitoramento do paciente. Estudos sobre como reverter o quadro ainda estão sendo desenvolvidos, mas o treinamento olfatório (do olfato), que pode ser feito no consultório e treinado em casa com produtos comuns na dispensa, pode ajudar a incentivar os cheiros: café, cravo, mel, vinagre, pasta de dente de menta, essência de baunilha e suco de tangerina concentrado, por exemplo.

O treinamento olfatório consiste em enviar um estímulo olfativo às células receptoras encontradas no teto do nariz, a fim de estimular esses neurotransmissores e o nosso cérebro.

De acordo com estudiosos, a questão é um pouco mais complicada no paladar, que tem contato com apenas cinco gostos básicos, e ainda não se sabe exatamente como o coronavírus age. Se ele destrói a enervação local ou se acaba mesmo com as papilas gustativas.

Porém, o mesmo treino feito com o nariz pode ser reproduzido na boca,  trabalhando-se simultaneamente e diversificando-se os alimentos, incluindo comidas dos cinco gostos reconhecidos pelo nosso organismo, que são amargo, azedo, salgado, doce e umami (uma capacidade de percepção de nosso paladar descoberta há pouco pela ciência e que a maioria de nós nem viu na escola, mas que é descrito como a capacidade de perceber-se “sabor denso, profundo e duradouro que produz na língua uma sensação aveludada”. Feijoada e macarronada com molho ativam esses sensores, por exemplo). Definições à parte, esse treino pode ajudar a reabilitar o paladar e a recuperar o sentido.

Cada região da nossa língua tem papilas gustativas responsáveis em reconhecer um determinado tipo de sabor, como na foto abaixo:

Aproveite as informações e lembre-se que você não deve só sair cheirando e colocando os sabores na boca: é preciso avaliar, monitorar e intervir de forma correta com auxílio de um Especialista a fim de alcançar a recuperação destes sentidos essenciais em nossas vidas.

Fontes:

www.globalfono.com.br

Colunista:

Silmara Canassa

Fonoaudióloga

*Ao reproduzir este conteúdo, não se esqueça de citar as fontes.


Caso tenha alguma dúvida sobre o assunto, nos envie suas dúvidas clicando aqui.