Transtorno De Processamento Sensorial

POR QUE AS CRIANÇAS DEVEM BRINCAR MUITO?

RESPEITAMOS O TEMPO DAS CRIANÇAS?

Informações ricas e necessárias aos pais que sonham em ver seus filhos alfabetizados na pré-escola.

Nenhuma criança deve aprender a ler e escrever sem que esteja preparada em termos de desenvolvimento. Muito frequentemente nos dias de hoje tendemos a puxar as crianças a progredirem para níveis para os quais muitas vezes não estão preparadas. Muitos pais questionam “Como pode o brincar no parque ajudar o meu filho a ler e escrever, mais do que ficar em casa treinando letras e números ou desenhando?”

Já não sei quantas vezes ouvi os pais e educadores queixarem-se porque a criança não sabe escrever o nome ou copiar a data, quando o principal foco nestas idades deve ser preparar as bases que efetivamente sustentam as competências para futuras leitura, escrita e cálculo. É difícil entender, até porque não é facilmente observável, que o cérebro da criança tem falta de experiências sensoriais e por isso, dificuldades escolares, não estando preparada para aprendizagens mais complexas. E quando falamos em experiências sensoriais, referimo-nos a correr, saltar, rolar, cair, subir, escorregar, fazer castelos na terra e na areia, andar descalça na grama, criar histórias com simples caixas de papelão ou enfiar-se debaixo da mesa ou Fazer castelos de lençóis.

Vamos então tentar compreender por que um parque é mais importante que uma mesa para aprender a ler e escrever; eles não estão de fato amadurecidos para essa aprendizagem. São fases, que necessitam ser respeitadas e a compreensão por parte dos pais é de suma importância. E muitos deles, se não compreendem essas etapas, questionam: “Como pode o movimento, a brincadeira, o pular corda, etc, ajudar o meu filho a escrever ou prestar atenção no professor?”.

De um modo geral todas as crianças têm a capacidade de aprender. Mas, antes que possamos ajudar a criança a aprender, temos de ir primeiramente à raiz do problema. Para perceber porque a criança não consegue fazer estas coisas, devemos perguntar-nos o que a impede de aprender. Por que não consegue prestar atenção e focar-se atividade? Por que parecem tão dispersas? Ela fica demasiado incomodada com os barulhos, a roupa que usa, as luzes ou cheiros fortes? Ela não tem músculos fortes o suficiente que lhe permitam manter a posição na cadeira? Ela não tem boa coordenação motora e as suas mãos e dedos não são suficientemente fortes para escrever?

Acredite ou não, mas muitos destes sinais e sintomas estão relacionados com os sentidos da criança, ou melhor, com a forma como o seu cérebro processa a informação dos diferentes sentidos, os quais devem ser devidamente avaliados antes de responder à questão de porque não consegue ela aprender.

As fases de desenvolvimento devem ser respeitadas, que podem incluir a capacidade de se regular e se organizar perante as luzes, os barulhos de fundo, o próprio toque dos colegas ou mesmo da roupa e do cabelo no rosto. A capacidade dos seus músculos permitirem que se mantenha sentada na cadeira, que use as mãos de forma coordenada, que faça uma preensão adequada do lápis, que os seus olhos se movam de forma a não saltar linhas, palavras ou letras. Se a criança chama muito a atenção em alguns desses observáveis, é muito provável que não consiga aprender, pois seu desenvolvimento está em atraso ou desordenado. Esta faixa etária é um período não só ótimo, mas também crítico para as crianças aprenderem e se desenvolverem através do brincar.

Crianças que em idades precoces têm acesso a uma diversidade e variedade de experiências de brincar e de movimento começam a sua carreira acadêmica em vantagem.

Antecipar fases, por sua vez acarreta mais probabilidade de serem desajeitadas, de terem dificuldade em controlar as suas emoções, de resolver problemas, ou ter dificuldades na interação social ou desinteresse quando realmente os conteúdos precisem ser assimilados. Quando avaliamos estas crianças percebemos que a capacidade de integração sensorial não está suficientemente desenvolvida para suportar o desenvolvimento da aprendizagem.

A integração sensorial é, pois, a forma como o sistema nervoso recebe as mensagens dos sentidos e as transforma em respostas motoras e comportamentais adequadas. Nas crianças que pularam fases, notamos que as informações sensoriais não são detectadas ou não se organizam em respostas apropriadas.

O cérebro localiza, classifica e organiza as sensações através das descobertas, explorações, movimentos e frustações, que devem ser acompanhadas pelo educador ou pais; portanto, se elas fluem de uma forma amadurecida para a compreensão, o cérebro usa as mesmas sensações para formar percepções, comportamento e aprendizagem.

Ler, escrever e fazer contas são processos extremamente complexos que apenas se podem desenvolver sobre alicerces de integração sensorial bem desenvolvidos.

Processamento sensorial ou integração sensorial é o processo que organiza as sensações do próprio corpo e do meio ambiente, fazendo com que seja efetivamente possível usar o corpo nesse ambiente.

Apesar da não inclusão da categoria diagnóstica de Transtorno de Processamento Sensorial NO DSM-V (manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais), o estudo do processamento sensorial, de suas disfunções e manifestações comportamentais têm sido de grande contribuição para o entendimento de outras patologias como, por exemplo, o Autismo. Quando o fluxo de sensações é desorganizado, a vida pode ser como o trânsito em hora de ponta. Por isso lembrem-se que, pobre processamento sensorial pode ser o problema subjacente às dificuldades de aprendizagem.

REFERÊNCIA:

MILLER, Nielsen & Schoen, Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Inês Guedes, Terapeuta Ocupacional. Porto, Portugal.

Colunista:

Iracy Carmanini

Psicopedagoga Clinica e Institucional;
Especialista em educação especial, deficiências auditiva e cognitiva, Alfabetização e Letramento.

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O Psicopedagogo atua no sentido de prevenir e/ou detectar dificuldades de aprendizagem, promover sugestões metodológicas e educacionais de forma terapêutica: seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio, da família, da escola e da sociedade.